Publicado originalmente no site Congresso em Foco.
Além de terminar melancolicamente, com pouco mais que a unânime constatação acaciana de que o mundo precisa se unir e fazer mais para deter a escalada do aquecimento global, a COP-15 ainda cometeu o mesmo erro injusto em que a maior parte da comunidade interrnacional porfia há muitos anos: manteve Taiwan excluída dos debates e negociações sobre mudanças climáticas.
Isso é uma lástima por várias razões.E aqui estão cinco delas.
1 - A Lei de Controle da Poluição das Águas de Taiwan é uma das mais antigas do gênero, datando de 1974. De lá para cá, mesmo barrado das conversações internacionais, o país cumpre voluntária e escrupulosamente o disposto pela Convenção de Viena e o Protocolo de Montreal sobre controle de clorofluorocarbono (CFC, um perigo para a camada de ozônio) no marco da Declaração do Rio e da Convenção de Basileia contra poluentes orgânicos persistentes (POPs), o que comprova a seriedade do compromisso do governo de Taipé com os valores e práticas do desenvolvimento sustentável. É rematada burrice internacional permitir, em função de pretextos políticos e ideológicos herdados da Guerra Fria, o desperdício desse acervo de experiências e realizações, em vez de compartilhá-lo em proveito da humanidade e do seu futuro.
2 - O veto absoluto à participação do governo taiwanês nos eventos e atividades ligados à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climátocas (UNFCCC, na sigla em inglês) -- instituição que engloba, entre outras normas, o Protocolo de Kyoto -- já não reflete a atual conjuntura nos dois lados do Estreito de Taiwan, que é de progressivo desanuviamento das relações Taipé/Beijing (os voos comerciais regulares e os vínculos postais diretos já foram retomados, assim como o turismo bilateral, que não para de aumentar).
3 - A exclusão ameaça seriamente a sociedade e a economia de Taiwan. O rastro de destruição e morte recentemente deixado pelo tufão Morakot atesta que a ilha, densamente povoada, é vulnerável a algumas das mais bruscas e anormais alterações climáticas, situação que só tende a piorar enquanto Taiwan seguir privada de acesso aos recursos que a UNFCCC coloca à disposição dos seus membros, como o sistema de alerta antecipado sobre desastres naturais. Da mesma forma, enquanto permanecer marginalizado do mercado de carbono, o país enfrentará imensas dificuldades para converter suas indústrias aos requisitos de uma economia verde.
4 - Como membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas não do Protocolo de Kyoto, como a maioria esmagadora dos seus parceiros comerciais, Taiwan não consegue proteger suas exportações das barreiras não-tarifárias de caráter ambiental por eles impostas com frequência cada vez maior.
5 - Em termos per capita, Taiwan já é o 18°. maior emissor mundial de gases de efeito estufa; mesmo assim, não tem direito de participar plenamente do intercâmbio de dados, informações, conhecimentos e novas ideias sobre o aquecimento global, nem de colocar sua tecnologia e seus recursos a serviço da cooperação internacional para a pesquisa e o financiamento de opções para a efetiva descarbonização das economias do planeta. Com filiais das suas maiores empresas espalhadas pelo globo, Taiwan poderia investir em vários países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, para a implementação de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), caso estivesse integrada no marco regulatório da UNFCCC.
Tomara que esse equívoco, de graves prejuízos para Taiwan e para o mundo inteiro, seja corrigido até a abertura da COP-16, marcada para dezembro de 2010, no México.
Paulo Kramer é cientista político e professor do Curso de Especialização em Análise Política e Relações Institucionais da Universidade de Brasília (UnB).
É bem possível que a China tenha interferido nessa questão da presença de Taiwan na Conferência sobre o clima. Os chineses ainda tratam Taiwan como província rebelde. Os chineses nada querem com essa estória de "meio ambiente". Os americanos não querem se meter na questão. Tenho pena de Taiwan e do Tibet, fica cada vez mais difícil ele adquirirem autonomia após o crescimento da China.E aí.....
ResponderExcluirOi Paulo! Voltei de férias e tive essa ótima surpresa! Poder ler seus comentários sobre a cena nacional e internacional é um grande privilégio. Boa sorte! abs!!
ResponderExcluirExiste pessoas que dizem ter provas que carbono faz bem para as plantas e que está fazenda nascer árvores em regiões áridas. Aprendi no Ginásio que as plantas de dia absorvem e a noite soltam carbono, ou vice versa.
ResponderExcluirGRANDE paulo kramer! Quero felicitá-lo pelo alto nível de discussão no Twitter:
ResponderExcluirPETRALHA DE MERDA
PUTA QUE TE PARIU
VAI TOMAR NO CU
GENTE DA TUA LAIA
SEU FILHO DA PUTA
Você mostrou que não está para brincadeira. Seus colegas da laia esquerdista da UNB agora pensarão duas vezes antes de ter a coragem de discutir com você!